Escreva-me

É engraçado como deposito tanta confiança no lápis e no papel.
Tem dia que estou desesperada, triste ou magoada com algo e em vez de querer desabafar com alguém eu fico contando os segundo para entrar no meu quarto, apontar o grafite e começar a devanear. Sei que nessas horas produzo os melhores textos que tenho... Que na verdade são meros desabafos sobre milhões de sentimentos aleatórios que eu insisto em passar para o papel. Eu gosto de ver como meus pensamentos ficam organizados numa folha branca, como as letras conseguem transformar algo abstrato em quase concreto para mim. 

Nessas horas sinto que um peso saiu das minhas costas e que conseguirei prosseguir. 
Mas tem vezes que os pensamentos se confundem, que as ideais se trocam... E tudo se desfaz. O texto lindo que sairia fica pra outro dia e a tortura passa a ser só minha. É ruim quando isso acontece, da mesma forma que é ruim quando acaba o grafite no meio de um desses devaneios. 

Tem dias que eu paro e seleciono alguns textos perdidos... É estranho sentir as mesmas borboletas dançantes daquelas épocas, é como se eu pudesse viajar no tempo com minhas palavras, como se cada parágrafo me transportasse para aquela realidade que jurava não lembrar mais. É por isso que tornei a escrita minha válvula de escape, porque ela me mantém presa a mim. 

- Quando eu descobrir quem sou, conto pra vocês.

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