be here now

Queria que meu interior estivesse tão bem organizado quanto estava da última vez que parei para escrever minhas aleatoriedades. Mas não. Dentro do que eu sou hoje existe uma enorme confusão de "eus". Apesar de ter absoluta certeza de onde quero chegar e quem eu quero ser, não sei quem eu sou agora. Nunca foi tão difícil encarar o "be here now" tatuado no meu pulso esquerdo. Ele sempre será uma ordem para o meu eu do hoje, mas eu nunca imaginei que não teria um eu singular para o qual essa ordem seria dada. Aqui, ouvindo Hey Jude, e lembrando da minha "adolescência Beatles e Red Hot Chili Peppers", percebo que me fez falta escrever.


Eu tinha o costume de organizar meus pensamentos e meus sentimentos em alguns rascunhos de papel perdidos pela minha mochila do ensino médio, gostava de escrever tudo que estava dançando pela minha mente e depois reler. Relia várias vezes, se necessário, até que entendesse o que estava sentindo, até que meus sentimentos fossem tão meus que conseguiria mapeá-los, reconhecê-los exatamente como eram e senti-los como realmente eram. Mas a vida adulta e toda essa responsabilidade me engoliram. Passei a jogar meus rascunhos fora, eles passaram a ser apenas mais papel atrapalhando a minha já não pequena torre de papéis da faculdade e do trabalho. Esqueci o quanto era prazeroso abrir o word só para digitar meus melhores textos e depois guardá-los em um pasta cujo nome era "Meus pensamentos". Pode parecer dramático demais, mas sinto falta de me sentir, de me mapear, de me encontrar. Não que seja necessário estar tudo arrumado o tempo todo. Uma bagunça de sensações faz parte do que somos. E talvez amanhã eu acorde e ria do quanto eu estava perdida hoje. E talvez nada faça sentido. Ou tudo. Ou nem esse parágrafo. Talvez.

Nunca copie sem creditar ;)
Beijos e beijos
- Quando eu descobrir quem sou, conto pra vocês.