Uma Carta ao Polo Norte

Querido Papai Noel,
gostaria muito de pedir um computador novo (porque realmente estou precisando), um guarda-roupa lotado (por pura vaidade) e, quem sabe, a vaga dos meus sonhos na faculdade (porque eu mereço e ponto). Mas ultimamente estou invertendo a ordem na minha "lista de prioridades". Não sei se você já estava sabendo e mil desculpas por te avisar isso assim, em cima da hora. É que você mora tão longe, e tudo por aí parece tão perfeito e possível que eu não quis estragar toda essa magia com meras aleatoriedades do meu universo particular. 
Dessa vez, eu quero pedir pelo mundo. 
Pela Terra que, dia após dia, morre. Que mesmo com ações revolucionárias de grupos que agem em sua defesa, continua a não resistir ao ataque humano. As árvores e mares que nos são vitais, e sofrem. Eles não foram alfabetizados para lhe escrever uma carta como essa. 
Peço pelos animais... Esses que nos alegram todos os dias quando chegamos em casa e aqueles que precisam fugir para que suas peles não virem agasalhos ou para que seus preciosos corpos não sejam transformados em (asquerosos) troféus.
Antes de me visitar (eu que tenho cama, comida e água) vá até aqueles que nada tem. Aqueles que o governo e as mídias escondem da sociedade, que enquanto Roberto Carlos canta na Globo, morrem de sede, de fome, de tristeza.
Por favor, inverta a sua lista de prioridades também. Talvez não tenham te apresentado ainda esse outro lado da humanidade. Mas ele existe! E está destruindo tudo e todos. 
Espero, Noel, que dessa vez você leia a minha carta.
Beijos e beijos
- Quando eu descobrir quem sou, conto pra vocês.

Fonte: Arrasando no Batom Vermelho